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sexta-feira, 30 de maio de 2014

A serviço do nazismo

Livro conta como as mulheres abraçaram a causa e exterminaram judeus na II Guerra Mundial

Por::RENATO GRANDELLE 


RIO - Liesel Wilhaus era a ambiciosa filha de um comerciante de Saarland, no Sudoeste da Alemanha. Em 1942, ela finalmente teve a oportunidade de deixar a classe trabalhadora. Seu marido, Gustav Wilhaus, assumiu o comando do campo de concentração de Janowska, na Polônia. Liesel ocupou-se em reformar o casarão onde foram morar. Na varanda recém-construída no segundo andar, começou a praticar um “esporte”: testava sua pontaria com um rifle, matando os judeus que passavam pelo quintal. A filha Heike, ainda criança, era sua maior admiradora. Liesel é só um exemplo de um capítulo ainda pouco estudado da História do nazismo: a participação das mulheres no regime de Hitler.
Testemunhas, cúmplices e assassinas eram regidas pela mesma ideologia. Deveriam aceitar a superioridade masculina, manifestar devoção cega e pôr o corpo à disposição do Reich. O direito delas ao voto foi cassado ainda em 1933, ano em que Hitler chegou ao poder, mas não houve qualquer protesto — o inimigo não era o novo governo, mas a ameaça de que uma suposta igualdade entre homens e mulheres levasse ao bolchevismo.
 

O movimento nazista iria “emancipar a mulher da emancipação feminina” — descreve a historiadora americana Wendy Lower, consultora do Memorial do Holocausto dos EUA e autora do livro “As mulheres do nazismo” (Ed. Rocco), que será lançado na semana que vem. — A propaganda se destinava a trazer de volta as mulheres aos domínios privados de Kinder, Kücher e Kirche, ou seja, crianças, cozinha e igreja.
A formação escolar foi obscurecida em nome de outras prioridades. O treinamento físico da Liga de Meninas, que incluía marchas e exercícios de tiro, eram mais importantes do que disciplinas tradicionais. Os livros foram trocados por panfletos sobre como escolher um marido. A primeira pergunta ao possível parceiro era “Qual é a sua origem racial?”.
A maior contribuição feminina ao Reich era a maternidade. Hitler chegou a declarar que a mãe de seis filhos era mais importante do que uma advogada.

— Nunca antes as mães alemãs tiveram tamanho reconhecimento e status de celebridades, em cerimônias em que mães de mais de quatro filhos eram agraciadas com a Cruz de Honra — lembra Wendy, referindo-se a uma das maiores condecorações do país.
A reprodução, porém, tinha suas ressalvas. As mulheres não podiam se casar com judeus, nem criar filhos com alguma doença considerada genética. Neste caso, eram pressionadas a entregar os filhos a supostas clínicas pediátricas, onde eram mortos. Este foi o destino de pelo menos 8 mil crianças na Alemanha e na Áustria.
Reféns das parteiras
Entre as profissões de maior expansão na época estavam as de parteira e de cuidadora de crianças. Ambas tinham grande poder sobre as mães. Denunciavam o nascimento de bebês de raça não ariana — o que poderia levar à esterilização da mulher — e, baseadas em árvores genealógicas, nas feições faciais e no formato da cabeça, identificavam crianças “sub-humanas”.

— Namorar um judeu ou um cigano significava contribuir para a degeneração da raça ariana — explica Estevão Martins, professor do Departamento de História e Relações Internacionais da UnB. — Era uma falha tão grande que a mulher era obrigada a passar por um programa de doutrinação.
Com a partida dos soldados para o front, a maquinaria burocrática foi assumida pelas mulheres. Secretárias e datilógrafas passavam ordens de oficiais às linhas de frente da batalha, contribuindo indiretamente para o desempenho alemão na guerra e para o Holocausto. Outras, atraídas pela imponência do uniforme militar e por um salário relativamente generoso, assumiram modestas funções nos campos de concentração — até o fim da guerra, as posições de comando sempre foram exercidas por homens.
Uma das mulheres que mais se dedicaram à matança de judeus foi Johanna Altvaver, de 22 anos, que trabalhou entre 1941 e 1943 em um gueto próximo à cidade de Volodymyr-Volynsky, na fronteira da Ucrânia com a Polônia. Seu alvo preferido eram as crianças. Altvaver costumava atraí-las com doces. Quando elas se aproximavam, a alemã atirava na boca da criança com sua pistola de prata.
Em um rompante de raiva, invadiu o prédio que servia de hospital do gueto e, no terceiro andar, onde funcionava a enfermaria infantil, atirou diversas crianças da sacada. Aquelas que sobreviveram à queda foram levadas para um caminhão e, dali, teriam sido jogadas em valas comuns na periferia da cidade.
Natural de Hamburgo, Vera Wohlauf não precisou vestir uma farda para extravasar seu sadismo. Seu marido, Julius Wohlauf, oficial da SS, o serviço secreto alemão, foi escalado para comandar, entre 25 e 26 de agosto de 1942, a deportação de 11 mil judeus do gueto polonês de Miedzyrzec-Podlaski. Vera, que estaria grávida, deveria contentar-se em assistir ao massacre. Em vez disso, surpreendeu os outros militares ao circular entre os judeus e chicoteá-los. Depois, quando a perguntaram sobre a morte de quase mil pessoas, ela descreveu o episódio como um “assentamento pacífico, quase idílico para um campo de trabalho do Leste”.
Longe da burocracia e dos guetos, poucas figuras femininas se destacaram no nazismo. A última secretária pessoal de Hitler, Traudl Junge, escreveu sua autobiografia em 2002, em que alegou desconhecer as barbaridades idealizadas pelo líder nazista.
O relacionamento de Hitler com sua amante, Eva Braun, é enigmático. Eles nunca foram vistos juntos em público e o povo alemão só soube do caso anos após a morte dos dois.
Para Ana Maria Dietrich, autora do livro “Caça às suásticas” (Ed. Imprensa Oficial), a liderança do Führer provocou a admiração de outras mulheres.

— Acredito que a figura de Hitler possa ter sido sensualizada pelas mulheres — avalia. — Até hoje mistérios como a sua relação com Eva Braun ajudam a manter esse interesse feminino pelo Führer.
As mulheres do escombro
Após a guerra, a maioria das mulheres envolvidas com o Reich reconstruiu tranquilamente as suas vidas. Os tribunais de desnazificação — que investigavam os crimes cometidos durante a ditadura de Hitler — concluíram que as mulheres, por ocuparem cargos de baixo escalão na burocracia estatal, não eram uma ameaça à sociedade alemã. De fato, a “mulher do escombro”, aquela que varre as cidades destruídas, tornou-se o símbolo da reconstrução do país. Elas recuperaram seu direito de votar em 1949.

— A Alemanha estava de joelhos, sem horizonte diante de uma ideologia fracassada — conta Martins. — A luta pela sobrevivência era permanentemente renovada. Todos deveriam trabalhar, reconstruir a partir das ruínas.

— O suporte da mulher a feridos e prisioneiros na guerra mostrou como ela não deveria se restringir ao lar 

— ressalta Ana Maria.
As alemãs que passaram pelos tribunais eram julgadas quase aleatoriamente. Dependendo de sua reação às acusações, poderiam ser chamadas de monstruosas ou inocentes. Muitas que fugiram da Alemanha foram forçadas a voltar ao país, mesmo já idosas. Outras envolvidas diretamente com os crimes escaparam porque mesmo o Judiciário estava repleto de ex-nazistas. Foi o ponto final de uma era caótica em que as mulheres foram convencidas de que até a maternidade deveria estar sob a égide do Estado.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/historia/a-servico-do-nazismo-12516424#ixzz33Flcxvre 
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quinta-feira, 29 de maio de 2014

Veja o quanto é importante a presença dos Lobos selvagens nas florestas

Lobos selvagens foram soltos em um parque. Mas como pode um lobo ser um animal tão cruel e estar solto em algum lugar aonde habitam centenas de outras espécies?


Seria uma tragédia certo? Eis que surge um mistério jamais explorado



Uma descoberta incrível! E no final de tudo nos vem a cabeça: “Como a natureza é perfeita!”

Fonte: http://www.megacuriosidades.com/

domingo, 25 de maio de 2014

Crime organizado: As 10 maiores máfias do mundo

Eles estão envolvidos com atividades criminosas das mais diversas. Conheça os grupos mais influentes que disputam o poder pelo mundo.

Crime organizado: As 10 maiores máfias do mundo

O termo “Máfia” refere-se a grupos secretos envolvidos com o crime organizado, distribuídos por uma série de países. Normalmente são referidos pelo nome do país em que se originou e a maioria dos membros grupo pertence a esta nacionalidade. O objetivo desses grupos é ter o controle total sobre uma determinada atividade (senão todas) criminosa.

Mas não se engane! Embora o cinema tenha romanceado, muitas vezes, o crime organizado, dando a impressão de que lá existem boas pessoas, na vida real é totalmente o oposto. Membros da máfia convivem com uma constante violência, desde atritos internos até com outros grupos rivais.

Não há um momento de paz para eles, e tampouco para as vítimas dos negócios ilegais em que atuam, incluindo tráfico de drogas, prostituição, tráfico de armas, proteção forçada e vários outros. Confira abaixo uma lista com os dez maiores grupos mafiosos espalhados pelo mundo e o tipo de negócio com que estão envolvidos.

01 – Jamaicana: A Yardie Britânica


O grupo Yardies foi formado pelos jamaicanos que imigraram para a Inglaterra em 1950. Eles criaram gangues violentas e se denominavam Yardies. Atuam no tráfico de drogas e de armas. Como não tentaram se infiltrar na política, não são considerados tão fortes como outros grupos mafiosos, porém conseguem obter armas mesmo sendo totalmente controladas na Inglaterra.

02 – A máfia albanesa



A máfia Albanesa é composta por um grande número de organizações criminosas que se baseiam na Albânia. Eles são ativos em países norte-americanos e europeus. Diz-se que a máfia albanesa se ??espalhou para os níveis internacionais nos anos 1980.

O crime organizado prevaleceu na Albânia desde o século 15. Nos Estados Unidos e Reino Unido, eles controlam casas de prostituição e tráfico de drogas e são conhecidos pelo uso de violência por vingança, como contra traidores.

03 – A máfia sérvia


A máfia sérvia opera em mais de dez países, incluindo Alemanha, Estados Unidos, Reino Unido e França. Eles estão envolvidos em diversas atividades, como o narcotráfico, o contrabando, assassinatos por encomenda, esquemas de proteção forçada, jogos de azar e roubos.

Existem três grupos principais, chamados Vozdovac, Surcin e Zemun, que controlam os grupos menores. Atualmente existem cerca de 30 a 40 grupos atuando na Sérvia.

05 – A máfia mexicana


A máfia mexicana surgiu nas prisões norte-americanas no final de 1950 para proteger os presos contra outros detentos e dos funcionários. Eles estão envolvidos em extorsão e tráfico de drogas e possuem cerca de 30 mil membros espalhados por todos os Estados Unidos. Eles forçam as gangues e traficantes a pagar um imposto sobre a proteção, e os que se recusam são mortos.

Os membros de gangues, por vezes, usam uma tatuagem com o desenho de um círculo em chamas e facas cruzadas para identificarem-se. Especula-se que existem 150 membros prisionais que têm a autoridade para comandar assassinatos e 2 mil associados que executam estes comandos.

06 – A máfia japonesa: Yakuza

Famosa por muitos filmes de Hollywood, a Yakuza é um grupo de crime organizado nativo que usa ameaças e extorsão para obter o que querem. Sua origem data do século 17. Todos os membros são marcados com tatuagens, e alguns ainda ostentam esses desenhos no corpo inteiro.

Possuem 110 mil membros ativos distribuídos em 2.500 famílias. Eles estão envolvidos em esquemas de proteção forçada, importação ilegal de pornografia sem censura da Europa e EUA, casas de prostituição e da imigração ilegal.

A Yakuza exige atos extremos de dedicação que envolvem a amputação do dedo mindinho quando algum membro comete um erro. Isso é feito como uma forma de pedido de desculpas.

07 – Máfia chinesa: Tríade


A Tríade consiste de muitas organizações criminosas que se baseiam na China, Malásia, Hong Kong, Taiwan, Cingapura, entre outros países. Fora da China, também são ativos em solo americano em cidades como Nova York, Los Angeles, Seattle, Vancouver e San Francisco.

O grupo está principalmente envolvido com roubos, assassinato por encomenda, tráfico de drogas, extorsão, falsificação de moeda chinesa e pirataria, além de outros delitos menores. Seu início se deu no século 18, e era inicialmente chamado de Tian Di Hui. As tríades podem ter de 50 a mais de 30 mil membros.

08 – Máfia Colombiana



A máfia colombiana é basicamente formada por cartéis de drogas. Eles operam em muitos países e possuem organizações que lidam com aspectos políticos, militares e jurídicos dos cartéis. Os cartéis importantes da Colômbia são o Cartel de Cali, Medellín e o Norte del Valle.

Houve uma época que os cartéis foram ameaçados pelo tratado de extradição entre os EUA e a Colômbia. Os líderes se esconderam e ordenaram aos membros da máfia matar quem apoiasse o tratado. Eles também estão envolvidos em uma série de sequestros e terrorismo.

09 – A máfia siciliana: Cosa Nostra



A máfia siciliana Cosa Nostra é um grupo relativamente novo. Foi iniciado na segunda metade do século XIX, na Itália. Apesar disso, ele tem uma grande habilidade para planejar crimes grandes sem ser pego.

Possui grande atuação em solo americano e está envolvido em esquemas de proteção forçada, tráfico de drogas e armas, mediação de negócios criminal, controle de sindicatos, coleta de lixo e vários outros negócios que parecem dentro da lei. Possui um pequeno número de membros, entre 3.500 e 4 mil.

Além dos integrantes, há os associados que não são membros verdadeiros. Um membro terá que se submeter à cerimônia de iniciação, onde provavelmente terá que matar alguém para provar o seu valor. Cada membro terá que seguir o código do silêncio, sob pena de morte.

10 – A máfia russa


A máfia russa é, talvez, a mais perigosa. Teve origem na extinta União Soviética e agora possui influência em todo o mundo. Tem entre 100 mil a 500 mil membros. Eles estão envolvidos em crimes organizados em países como Israel, Hungria, Espanha, Canadá, Reino Unido, EUA e Rússia, só para citar alguns.

Eles também imigraram para Israel, Estados Unidos e Alemanha, usando identidades judaicas e alemãs. Suas atividades incluem tráfico de drogas e arma de fogo, bombas, contrabando, pornografia, fraude pela internet, entre vários outros.

Uma de suas regras é nunca cooperar com as autoridades. Se qualquer um dos membros delatar alguém ou repassar informações quando capturado pelas autoridades policiais, é morto assim que deixa a delegacia. Eles são temidos por seus atos de vandalismo, terrorismo, tráfico de órgãos e assassinatos encomendados.

Fonte:
CrystalKiss
Imagens:
CrystalKiss
Leitor colaborador:
André Fogagnoli
Giordano Hübner Casaril
Marcelo Agimóvel.

Site: http://www.megacurioso.com.br/

sábado, 24 de maio de 2014

Interesse de alemães por Hitler atinge nível recorde desde a II Guerra

Segundo sociólogos, gerações mais novas têm maior interesse no período nazista por não terem vivido a II Guerra Mundial

Adolf Hitler tinha apoio dos alemães

O interesse da população alemã ​​em Adolf Hitler é o mais alto desde o final da II Guerra Mundial, aponta uma pesquisa divulgada pelo jornal britânico The Telegraph. O grupo de pesquisa alemão Media Control, que monitora a radiodifusão no país, descobriu que documentários sobre Hitler vão ao ar pelo menos duas vezes por dia nos canais de televisão alemães e que os livros e filmes sobre o líder nazista estão sendo produzidos em números recordes.

Nos primeiros quatro meses de 2013, 242 programas que tratam especificamente de Hitler haviam sido televisionados. No mesmo período, 500 outros filmes e documentários que retratam o período nazista em geral também foram ao ar. Cerca de 2.000 livros sobre Hitler foram publicados na Alemanha no ano passado.

A pesquisa aponta que o interesse segue crescendo. Neste ano, somente o canal público ZDF exibiu 109 documentários sobre Hitler. "Como a história é uma das nossas principais áreas de interesse, não é de se estranhar que transmitimos muitos programas sobre o nacional-socialismo [o nazismo era a ideologia do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães]", disse o diretor do canal, Robert Bachem.

Sociólogos atribuem o aumento do interesse em Hitler e nos nazistas ao fato de que a maioria dos alemães de hoje não viveu a experiência da II Guerra Mundial. Outro argumento é que, como as novas gerações não têm vergonha do passado nazista como as anteriores, os jovens querem se informar sobre o que foi o nazismo. 

Fonte:http://veja.abril.com.br

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Judeu brasileiro estrangulou dezenas de nazistas, revela livro

Autoridades alemãs e israelenses participam de ato em memória dos 40 anos do massacre das Olimpíadas de Munique.

Zvi Steinberg é um nome completamente desconhecido dos brasileiros, mas até hoje é adorado, venerado e mesmo invejado --em segredo-- por muitos judeus. Zvi era um brasileiro que, com as próprias mãos, estrangulou dezenas de nazistas a partir de 1945. Sua técnica mortal, precisa e rápida foi mantida em segredo por muito tempo.

Ele tinha 36 anos quando passou a agir com as células de extermínio de nazistas, mas há poucas informações além disso. Sabe-se, porém, que era brasileiro e que fez parte do embrião do Mossad israelense, talvez o mais  eficiente serviço de inteligência e ação militar do mundo. É o que conta o escritor Eric Frattini no livro "Mossad , Os Carrascos do Kidon", recém-lançado no Brasil pela editora Seoman.

Apesar de ter contado com a ajuda de muitas autoridades israelenses, inclusive do próprio Mossad, houve um grande lobby em Israel para que o livro não fosse lançado lá. "Mossad" é um assunto proibido naquele país. A sociedade respeita demais a organização para querer comentá-la publicamente, ou que outros façam isso.

Eric Frattini revela que no fim e logo depois da 2ª Guerra, militares judeus se uniram em inúmeras células e deram início a um  processo de vingança sistemática contra os alemães nazistas, que haviam exterminado milhões de judeus em ataques com armas, incêndios criminosos e em campos de concentração. Boa parte deles ou ainda estava solta ou mofava lentamente em prisões controladas pelos Aliados.

Baseados na lei do Velho Testamento --olho por olho e dente por dente--, os judeus não esperaram nenhuma providência por parte dos Aliados, que estavam mais preocupados em esquecer o medonho passado recente e fornecer dinheiro emprestado (a juros, claro) para a reconstrução da Europa e do Japão, destruídos. Além disso, tinham de enfrentar o mais novo inimigo, a poderosa União Soviética.

Acontece que judeus não são de esquecer, ainda mais quando sofrem infâmia e tentativas de extermínio. E nada de prato frio. Trataram de comer sua vingança fumegando, mesmo sabendo que ela não seria nem sequer um resíduo perto do massacre de milhões de compatriotas assassinados nas décadas anteriores.

Desde 1944, algumas células incipientes já faziam incursões específicas contra casas e abrigos de  nazistas --então deprimidos e certos da derrota-- para promover a resposta a mais de uma década de confisco, torturas e assassinatos.   

Assim que o conflito acabou,  em 1945, esses grupos se organizaram e, sistematicamente, saíam todas as noites atrás de nazistas. "Aqueles que nunca esquecem", deixavam escrito em bilhetes perto dos corpos dos  abatidos.

Um dos casos mais impressionantes (e pouco conhecidos) ocorreu em Nuremberg, quando judeus se inflitraram numa padaria que fornecia pães a 15 mil oficiais nazistas mantidos em cárcere por soldados dos EUA. Os judeus obtiveram dois quilos de arsênico  e passaram uma madrugada pincelando com o veneno cerca de 3.000 pães.

Contabilizavam que se cada pão --único alimento servido na prisão-- fosse dividido por três prisioneiros, envenenariam ao menos 12 mil nazistas.

Ninguém sabe até hoje quantos morreram, os Aliados jamais revelaram. Sabe-se que entre 3.000 e 5.000 foram envenenados, mas muitos foram salvos por médicos norte-americanos. Outros sofreram graves sequelas.

Morte em segundos
O brasileiro Zvi Steinberg foi um dos mais eficientes no quesito "eliminação". Chegou a matar um nazista com apenas uma mão. Esmagou-lhe a traquéia quando este estava calmamente sentado em seu carro, como um justo. Com um movimento rápido, Zvi enfiou a mão dentro do carro, fez o "serviço" e foi embora em segundos. Só descobriram o corpo horas mais tarde, quando ele estava muito longe.

Outra história relatada no livro, desabonadora para o Brasil, afirma que militares brasileiros não só ajudaram a abrigar dezenas de nazistas, mas também deram a eles novos documentos.

Frattini teve acesso inédito a documentos das FDI (Forças de Defesa de Israel), do FBI, de alguns arquivos históricos do próprio Mossad e dos serviços de Inteligência da Jordânia, da Austrália e da França.

Diferentemente de boa parte dos livros que tratam de espionagem (basta ver a extensa bibliografia "chapa branca" que existe sobre CIA e FBI, por exemplo), o livro do espanhol  esmiúça não só as glórias, mas também os enormes erros cometidos pelo Mossad.

São 16 operações relatadas em 357 páginas de texto e 26 páginas de fotos com os protagonistas --mocinhos e bandidos. Não há foto do brasileiro Zvi e nenhum detalhe sobre sua biografia. Além do livro de Frattini, ele é citado "en passant" em alguns verbetes na internet sobre o Mossad e em alguns poucos textos israelenses. No entanto, é uma espécie de mito para o povo judeu.

Militares brasileiros pró-nazistas
Sobre o Brasil, o livro afirma que nossos militares, por meio de seus embriões de serviços de inteligência nos anos 1950 e meados de 1960, e depois por meio do Doi-Codi, providenciaram identidades e passaportes falsos, além de protegerem muitos oficiais nazistas que fugiram da Alemanha a partir de 1945.

Sobra, inclusive, para  o Vaticano. Segundo documentos oficiais obtidos por israelenses, todos pesquisados pelo escritor, a Santa Sé foi a maior emissora de passaportes falsos a nazistas do mundo. Foram milhares. Os alemães escapavam em embarcações, faziam inúmeras escalas para despistar eventuais espiões e quase sempre acabavam em algum país comandado por ditadores, na América do Sul.

Exceto os nazistas considerados gênios da matemática, da física e da química. Esses foram diretamente para os Estados Unidos, onde também receberam proteção e novo emprego: foram fundamentais para o desenvolvimento do programa espacial dos EUA.  Brasil, Argentina e Bolívia, no entanto, receberam a escória da escória. Além de maléficos, uns inúteis.

Um dos "protegidos" dos militares brasileiros", diz Frattini, foi o demoníaco Josef Mengele, chamado de o "anjo da morte" -- um epíteto injusto até, pois foi bem pior que isso.

Durante anos Mengele fez as mais inconcebíveis e estarrecedoras experiências médicas (sic) com judeus no papel de cobaias. Transplantes de órgãos de animais em pessoas, implantação de objetos, aplicação de substâncias mortais, esquartejamentos e dissecações foram alguns de seus "experimentos". Tudo para simplesmente para "ver reações" fisiológicas.

O perverso Mengele morreu afogado, em Bertioga, em 1979. O longo braço de Israel não o apanhou.

Nesse trecho do livro Frattini comete um erro ao creditar ao Doi-Codi todo o aparato de proteção aos nazistas que existiu no Brasil. Acontece que esse orgão de repressão só foi criado no final dos anos 1960, em plena ditadura militar, a partir da chamada Oban (Operação Bandeirante). Mas a essência está correta: alguns militares na América do Sul, como hoje é sabido, ajudaram nazistas a escapar da Alemanha e a se esconder  no continente.

Livro parece filme de ação
Qualquer uma das 16 histórias relatadas na obra poderia se tornar um eletrizante filme de ação. Algumas, inclusive, já viraram, como "Munique", de Steven Spielberg, e "Eichmann", do diretor Robert Young.

Entre os raros erros do Mossad relatados estão o assassinato na Noruega de um inocente garçom marroquino, confundido com um dos "cabeças" do massacre de judeus na Vila Olímpica de Munique, em 1972.

Outro caso descrito como um verdadeiro thriler de ação foi a trapalhada de agentes secretos judeus que envenenaram um terrorista em plena rua, na Jordânia. Os "kidon" (que significa baioneta) usaram um aerossol com veneno e o aplicaram no ouvido do terrorista, mas acabaram apanhados pela polícia local.

Com dois agentes ameaçados pessoalmente pelo rei Hussein (1935-1999) de enforcamento, Israel teve de providenciar às pressas o antídoto para o veneno e amargar um novo fracasso.

Muita gente ao redor do mundo critica essa política de olho por olho e dente por dente. Dizem que, se essa máxima se espalhar, o mundo terminará com todos cegos e banguelas.

De fato. Mas quem pode controlar o sentimento de vingança de um povo que foi perseguido durante toda a história e que foi dizimado sob tanta crueldade, ignorância e silencio do resto do mundo? Pior: sabendo que esses mesmos Aliados ainda forneceriam guarida e proteção aos assassinos, que morreriam em liberdade e provavelmente em paz?

Foto de arquivo sem data mostra o oficial do Partido Nazista e chefe da SS, Heinrich Himmler, em local desconhecido na Alemanha.










Sim, os "kidon" formavam e ainda formam um esquadrão da morte, agem fora das leis internacionais e muitas vezes operam inclusive sem qualquer autorização em outros países, inclusive inimigos. Podem estar caçando nazistas neste momento, no Brasil, e jamais saberemos. Alguém se habilita a (tentar) apanhá-los?

Heinrich Himmler (1900-1945), comandante nazista e braço operacional de Hitler, certa vez fez troça do massacre que seus homens perpretavam. Ele comparou o massacre de judeus a uma simples matança de "ratos de esgoto".

Porém, assim como o "patrão" Hitler, quando a guerra acabou ele não teve coragem de enfrentar os sobreviventes entre aqueles que chamou de roedores. Preferiu dar cabo da própria vida na prisão. Nem coragem para ser enforcado ele teve. Fugiu da vida antes que o longo braço de Israel o alcançasse.

Quantos outros Himmlers ainda não estão por aí, vivos e envelhecendo como justos? Bem, há aqueles que nunca esquecem.

Livro: "Mossad - Os Carrascos do Kidon - A história do Temível Grupo de Operações Especiais de Israel".

Fonte:http://noticias.uol.com.br

terça-feira, 20 de maio de 2014

Os Vikings



Vingança Viking - A Temida Águia de Sangue




Com base no texto da Smithsonian Magazine

Desde a década de 1960, os Vikings e muito de sua cultura passaram por uma espécie de filtro revisionista que suavizou a sua violenta fama.

Até então, as estórias mais frequentes a respeito dos povos da Dinamarca e Noruega no curso da Idade das Trevas, os apresentava como guerreiros sanguinários, que matavam, destruíam e pilhavam outros povos. Se eles não estavam cultuando seus deuses pagãos, estavam navegando em seus navios de batalha para saquear monastérios, estuprar virgens e conquistar um lugar de destaque na história, como homens ferozes e obstinados.

Mas as coisas começaram a mudar a partir da publicação do influente livro "The Age of Vikings" de Peter Sawyer em 1962 que redimiu, ao menos em parte, os vikings. Atualmente, muitos historiadores continuam afirmando que a fama desses povos como guerreiros ferozes, dados a estuprar e assassinar, é um exagero que encobre o fato deles serem na verdade comerciantes e exploradores. As realizações dos povos escandinavos são muito laureadas - eles navegaram até a América e alguns acadêmicos chegaram ao ponto de apontá-los como agentes que estimularam a economia, que foram "vítimas de inimigos em maior quantidade", e até (como um estudo da Universidade de Cambridge sugeriu) "homens que preferiam se embelezar, a pilhar", que chegavam a carregar instrumentos para remover a cera dos ouvidos. Para citar o arqueólogo Francis Pryor, eles "se integravam em comunidade" e "aceitavam o sistema de propriedade" nas nações que invadiram.
var Boneless, um dos mais temidos guerreiros
Os Vikings realmente construíram uma civilização, eles possuíam fazendas e trabalhavam metal com habilidade. Mas, como aponta o medievalista Jonathan Jarrett, as evidências históricas também demonstram que eles capturavam milhares de escravos e mereciam sua reputação como temíveis guerreiros e mercenários. Eles podiam ser  inimigos implacáveis e gananciosos, e ao longo dos séculos levaram vários reinos fortes e ricos (como, por exemplo, a Inglaterra Anglo-Saxã) a beira do colapso. Na maior parte do tempo, os mesmos homens que trabalhavam nas fazendas e na metalurgia eram também responsáveis por estuprar e matar - afinal era um imperativo que eles tivessem de buscar outras fontes de sustento, no caso pilhando, sobretudo quando o solo pobre de sua terra não rendia bons resultados. Finalmente, como Jarrett destaca, se embelezar e ainda assim continuar sendo um soldado brutal, não é uma contradição. Um dos guerreiros vikings morto na Batalha de Stamford Bridge em 1066 por exemplo, atendia pelo nome de Olaf, the Flashy (Olaf, o Espalhafatoso).

Sempre foi um problema para os historiadores, que defendem terem os vikings sido um povo "incompreendido", explicar a inclinação deles - pelo menos da forma como eles são retratados em sagas e crônicas - para sangrentos Rituais de Morte. Entre as muitas vítimas iminentes dessas práticas, nós podemos citar o Rei Saxão Edmund, o Mártir - que morreu em 869, amarrado a uma árvore, após ser cruelmente açoitado e servir de alvo para arqueiros dinamarqueses que "o cobriram com tantas flechas, que ele teria ficado parecido com um porco-espinho". Outro que sofreu nas mãos dos vikings foi Aella, Rei da Northumbria, que em 867 passou pela mais terrível das provações impostas pelos povos Vikings aos seus inimigos, o ritual conhecido como "Águia de Sangue".

Não é preciso procurar muito para encontrar descrições explícitas sobre que tipo de execução medonha era a águia sangrenta. Em sua versão mais elaborada, ilustrada por Sharon Turner em History of the Anglo-Saxons (1799) ou por J.M. Lappenberg em seu History of England Under the Anglo-Saxon Kings (1834), o ritual envolvia vários estágios distintos:

Primeiro a vítima era amarrada e imobilizada, com a face para baixo e as costas esticadas; em seguida, a forma de uma águia com as asas abertas era desenhada nas suas costas com carvão ou com a lâmina de uma faca. Depois disso, as costelas eram quebradas com um machado, uma por uma, os ossos e a carne puxados para trás a fim de criar a imagem do que parecia ser um par de asas brotando nas costas do sujeito. A vítima, segundo relatos, poderia muito bem sobreviver a essa tortura, experimentando uma agonia, nos termos de Turner, "ampliada pelo sal", - uma vez que sal grosso era esfregado dentro da enorme ferida. Depois disso, os pulmões expostos eram puxados para fora do corpo e esticados sobre as "asas", oferecendo às testemunhas uma ilusão de que elas estariam batendo, a medida que os pulmões se enchiam de ar e se esvaziavam, até finalmente a vítima expirar.

A temível Águia de Sangue
No século XIX, muitos historiadores aceitavam que a águia sangrenta além de ser profundamente desagradável, era muito real. De acordo com o eminente medievalista J.M. Wallace-Hadrill, é possível que não apenas Aella da Northumbria mas também Halfdán, o filho de Harald Finehair, Rei da Noruega, e o Rei irlandês Maelgualai de Munster; e em algumas interpretações até mesmo Edmund, o Mártir possam ter sofrido esse mesmo destino.

Para colocar essas alegações em um contexto, é necessário salientar que todos esses nobres morreram no final do século IX e início do século X, e que pelo menos dois deles Aella e Edmund - foram mortos por Ivarr the Boneless (Ivar, sem Ossos), o mais temido Viking de sua época. Ivarr, era filho do igualmente notório Ragnarr Loðbrók, cujo nome pode ser traduzido como "Ragnar Calças Peludas". Ragnarr foi supostamente o viking que saqueou Paris em 845, e - ao menos de acordo com o documento medieval islandês Þáttr af Ragnars sonum (Tale of Ragnar’s Sons - A História dos Filhos de Ragnar) ele morreu após seu barco naufragar na costa do reino Anglo-Saxão da  Northumbria. Capturado pelo monarca local, ele teria sido executado de forma incomum: lançado em uma cova repleta de víboras venenosas.

Analisando esse background compreende-se que a horrível morte de Aella parece ter sido motivada por vingança, uma vez que era ele o governante que capturou Ragnarr Loðbrók. Talhando a águia de sangue nas costas de Aella, Ivarr estava vingando a morte de seu pai. Mais que isso, os Vikings demonstraram a sua fúria com a morte de Ragnarr aparecendo na Inglaterra com um enorme exército nessa mesma época. Uma vez que esse exército e a depredação que ele causou no país foram o motor de alguns dos episódios vitais na história Anglo-Saxã - nada menos que a ascensão do Rei Alfred, o Grande, não é de surpreender que muitos respeitados acadêmicos aceitaram a realidade histórica, como o eminente Patrick Wormald, que chamou essa forma de execução de "ritual feroz de sacrifício".

Talvez, o mais proeminente defensor da "Águia de Sangue" como um ritual verdadeiro tenha sido Alfred Smyth, o controverso especialista irlandês sobre a história dos Reis da Escandinávia nas Ilhas Britânicas no século IX. Para Smyth, a cova das víboras preparada pelo Rei Aella da Northumbria soa como um exagero (uma conclusão sensata, dada a escassez de serpentes venenosas na Inglaterra), enquanto a águia de sangue soa perfeitamente plausível:  

É difícil acreditar que os detalhes sobre essa carnificina tenham sido inventados por copistas medievais noruegueses... os detalhes explicam precisamente do que trata a águia de sangue... [e] de fato o termo bloðorn existe como um conceito no idioma nórdico antigo, indicando uma forma de justiça pelas próprias mãos

O trágico destino de Ragnarr

Para amparar a sua tese, Smyth cita a Saga de Orkneyinga - um relato islandês do final do século XII escrito pelos Condes de Orkney, no qual outro famoso líder Viking, Earl Torf-Einar, entalha a Águia de Sangue nas costas de seu inimigo Halfdán Long-legs (Halfdán Pernas Longas) “usando sua espada nas costas e na coluna, destroçando suas costelas e virando-as em seu lombo, e arrancando para fora seus pulmões.” Smyth vai mais longe ao sugerir que ambos Halfdán e Aella foram sacrificados para os Deuses Nórdicos: “Um sacrifício pela vitória,” ele explica, “era um traço característico do Culto de Oðinn [Odin].”

A existência de alguns problemas nessas reivindicações não surpreende nenhum estudioso desse período histórico, fontes do século IX e X na Escandinávia são poucas, muitas tardias e abertas a interpretações. A identificação de Smyth de várias vítimas sujeitas a águia de sangue sem dúvida é passível de objeções. Alex Woolf, o autor de um registro completo sobre a história da Escócia durante esse período, conclui que a Saga Orkneyinga é um trabalho fictício, não verdadeira história, enquanto o destino de Maelgualai de Munster foi contado apenas séculos mais tarde later. Segundo o Cogadh Gaedhel re Gallaibh (The Wars of the Irish with the Foreigners - As Guerras dos Irlandeses contra os Estrangeiros,  escrito no final do século XII), Maelgualai teria morrido em 859 quando “sua coluna foi partida por um pedregulho” - um ato que  Smyth insiste implica em alguma modalidade de ritual de execução que “remete a águia de sangue no que diz respeito ao procedimento.” Mas a narrativa fornecida por outro cronista irlandês, no Annals of the Four Masters (Anais dos Quatro Mestres) - relata que Maelgualai foi meramente “atingido por uma pedra lançada pelos nórdicos – o que é igualmente verossímil.

De fato, os relatos sobre a águia de sangue geralmente foram escritos no séculos XII e XIII, com base nas sagas nórdicas e islandesas, que por sua vez decorrem de poesias do período. As Sagas são contadas na forma de grandes estórias, que soam sedutoras aos historiadores, que dispõem apenas evidências fragmentadas sobre o período. Mas como é difícil reconcilia-las a crônicas, elas se tornaram bem menos criveis do que registros históricos. Além disso, se Halfdán Long-legs e  Maelgualai não estão na lista daqueles que sofreram a morte pela águia de sangue - e se nós aceitarmos as sugestões de que Edmund tenha sido morto com flechadas (ou, conforme The Anglo-Saxon Chronicle, tenha simplesmente morrido em combate) - resta apenas a morte do Rei Aella como vítima dessa forma de execução ritualística.


Nesse ponto é importante citar a publicação de Roberta Frank no English Historical Review. Frank - uma acadêmica de língua inglesa e literatura escandinava, não apenas debate a fonte original da morte do Rei Aella, como salienta que “o procedimento da águia de sangue varia de texto para texto, tornando-se mais lúgubre, pagã e ritualizada com o passar do tempo.” Ela aponta que as únicas fontes a respeito da águia de sangue são trechos de poesia, aberta a várias interpretações. 

Para vários acadêmicos, o ponto central é que o ritual da águia de sangue é, e para sempre será, passível de dúvida quanto a sua existência de fato. Isso ao menos até que alguma prova documental possa ser encontrada, o que é pouco provável.

Visto dessa perspectiva, não causa surpresa - ao menos enquanto tantos acadêmicos continuarem  a tratar os vikings como fazendeiros, que ocasionalmente lutavam - que nós sejamos encorajados a duvidar da realidade da águia de sangue. É provável, entretanto, que quando a roda da história girar, como provavelmente ela o fará, não nos surpreenderemos ao ouvir historiadores mais uma vez argumentando que os guerreiros da Escandinávia sacrificavam suas vítimas aos seus deuses pagãos.

Fonte:http://mundotentacular.blogspot.com.br/

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Nicolau Maquiavel o grande pensador Italiano

O intelectual Nicolau Maquiavel tratou principalmente sobre política na obra “O príncipe”, descrevendo como o governante deveria agir e quais virtudes deveria ter a fim de se manter no poder e aumentar suas conquistas.

Maquiavel ensinou como o governante deveria agir e quais virtudes deveria ter a fim de se manter no poder e aumentar suas conquistas

Nicolau Maquiavel, nascido na segunda metade do século XV, em Florença, na Itália, trata-se de um dos principais intelectuais do período chamado Renascimento, inaugurando o pensamento político moderno. Ao escrever sua obra mais famosa, “O Príncipe”, o contexto político da Península Itálica estava conturbado, marcado por uma constante instabilidade, uma vez que eram muitas as disputas políticas pelo controle e manutenção dos domínios territoriais das cidades e estados.

Conhecer sua trajetória como figura pública e intelectual é muito importante para que as circunstâncias nas quais este pensador pensou e escreveu tal obra sejam compreendidas. Maquiavel ingressou na carreira diplomática em um período em que Florença vivia uma República após a destituição dos Médici do poder. Contudo, com a retomada dessa dinastia, Maquiavel foi exilado, momento em que se dedicou à produção de “O Príncipe”. Esta sua obra seria, na verdade, uma espécie de manual político para governantes que almejassem não apenas se manter no poder, mas ampliar suas conquistas. Em suas páginas, o governante poderia aprender como planejar e meditar sobre seus atos para manter a estabilidade do Estado, do governo, uma vez que Maquiavel conta sucessos e fracassos de vários reis para ilustrar seus conselhos e opiniões. Além disso, para autores especializados em sua vida e obra, Nicolau Maquiavel teria escrito esse livro como uma tentativa de reaproximação do governo Médici, embora não tenha logrado êxito num primeiro momento.

Outro fator fundamental para se estudar o pensamento maquiaveliano é o pano de fundo da Europa naquele período, do ponto de vista das ideologias e do pensamento humano. Ao final da Idade Média, retomava-se uma visão antropocêntrica do mundo (que considera o homem como medida de todas as coisas) presente outrora no pensamento das civilizações mais antigas como a Grécia, a qual permitiu o despontar de uma outra ideia política, que não apenas aquela predominante no período medieval. Em outras palavras, a retomada do humanismo iria propor na política a “liberdade republicana contra o poder teológico-político de papas e imperadores”, como afirma Marilena Chauí (2008). Isso significaria a retomada do humanismo cívico, o que pressupõe a construção de um diálogo político entre uma burguesia em ascensão desejosa por poder e uma realeza detentora da coroa. É preciso lembrar que a formação do Estado moderno se deu pela convergência de interesses entre reis e a burguesia, marcando-se um momento importante para o desenvolvimento das práticas comerciais e do capitalismo na Europa. Assim, Maquiavel assistia em seu tempo um maior questionamento do poder absoluto dos reis ou de alguma dinastia, como os Médici em Florência, uma vez que nascia uma elite burguesa com seus próprios interesses, com a exacerbação da ideia de liberdade individual. Questionava-se o poder teocêntrico e desejava-se a existência de um príncipe que, detentor das qualidades necessárias, isto é, da virtú, poderia garantir a estabilidade e defesa de sua cidade contra outras vizinhas.

Dessa forma, considerando esse cenário, Maquiavel produziu sua obra com vistas à questão da legitimidade e exercício do poder pelo governante, pelo príncipe. A legitimação do poder seria algo fundamental para a questão da conquista e preservação do Estado, cabendo ao bom rei (ou bom príncipe) ser dotado de virtú e fortuna, sabendo como bem articulá-las. Enquanto a virtú dizia respeito às habilidades ou virtudes necessárias ao governante, a fortuna tratava-se da sorte, do acaso, da condição dada pelas circunstâncias da vida. Para Maquiavel “...quando um príncipe deixa tudo por conta da sorte, ele se arruína logo que ela muda. Feliz é o príncipe que ajusta seu modo de proceder aos tempos, e é infeliz aquele cujo proceder não se ajusta aos tempos.” (MAQUIAVEL, 2002, p. 264). Conforme afirma Francisco Welffort (2001) sobre Maquiavel, “a atividade política, tal como arquitetara, era uma prática do homem livre de freios extraterrenos, do homem sujeito da história. Esta prática exigia virtú, o domínio sobre a fortuna”. (WELFFORT, 2001, p. 21).

Contudo, a forma como a virtú seria colocada em prática em nome do bom governo deveria passar ao largo dos valores cristãos, da moral social vigente, dada a incompatibilidade entre esses valores e a política segundo Maquiavel. Para Maquiavel, “não cabe nesta imagem a ideia da virtude cristã que prega uma bondade angelical alcançada pela libertação das tentações terrenas, sempre à espera de recompensas no céu. Ao contrário, o poder, a honra e a glória, típicas tentações mundanas, são bens perseguidos e valorizados. O homem de virtú pode consegui-los e por eles luta” (WELFFORT, 2006, pg. 22). Assim, essa interpretação maquiaveliana da esfera política foi que permitiu surgir ideia de que “os fins justificam os meios”, embora não se possa atribuir literalmente essa frase a Maquiavel. Além disso, fez surgir no imaginário e no senso comum a ideia de que Maquiavel seria alguém articuloso e sem escrúpulo, dando origem à expressão “maquiavélico” para designar algo ou alguém dotado de certa maldade, frio e calculista.

Maquiavel não era imoral (embora seu livro tenha sido proibido pela Igreja), mas colocava a ação política (construída pela soma da virtú e da fortuna) em primeiro plano, como uma área de ação autônoma levando a um rompimento com a moral social. A conduta moral e a ideia de virtude como valor para bem viver na sociedade não poderiam ser limitadores da prática política. O que se deve pensar é que o objetivo maior da política seria manter a estabilidade social e do governo a todo custo, uma vez que o contexto europeu era de guerras e disputas. Nas palavras de Welffort (2001), Maquiavel é incisivo: há vícios que são virtudes, não devendo temer o príncipe que deseje se manter no poder, nem esconder seus defeitos, se isso for indispensável para salvar o Estado. “Um príncipe não deve, portanto, importar-se por ser considerado cruel se isso for necessário para manter os seus súditos unidos e com fé. Com raras exceções, um príncipe tido como cruel é mais piedoso do que os que por muita clemência deixam acontecer desordens que podem resultar em assassinatos e rapinagem, porque essas consequências prejudicam todo um povo, ao passo que as execuções que provêm desse príncipe ofendem apenas alguns indivíduos” (MAQUIAVEL, 2002, p. 208). Dessa forma, a soberania do príncipe dependeria de sua prudência e coragem para romper com a conduta social vigente, a qual seria incapaz de mudar a natureza dos defeitos humanos.

Assim, a originalidade de Maquiavel estaria em grande parte na forma como lidou com essa questão moral e política, trazendo uma outra visão ao exercício do poder outrora sacralizado por valores defendidos pela Igreja. Considerado um dos pais da Ciência Política, sua obra, já no século XVI, tratava de questões que ainda hoje se fazem importantes, a exemplo da legitimação do poder, principalmente se considerarmos as características do solo arenoso que é a vida política.


Paulo Silvino Ribeiro
Colaborador Brasil Escola
Bacharel em Ciências Sociais pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
Mestre em Sociologia pela UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"
Doutorando em Sociologia pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas

FONTE:http://www.brasilescola.com/