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Zvi Steinberg é um nome completamente desconhecido dos brasileiros, mas até hoje é adorado, venerado e mesmo invejado --em segredo-- por muitos judeus. Zvi era um brasileiro que, com as próprias mãos, estrangulou dezenas de nazistas a partir de 1945. Sua técnica mortal, precisa e rápida foi mantida em segredo por muito tempo.
Ele tinha 36 anos quando passou a agir com as células de extermínio de nazistas, mas há poucas informações além disso. Sabe-se, porém, que era brasileiro e que fez parte do embrião do Mossad israelense, talvez o mais eficiente serviço de inteligência e ação militar do mundo. É o que conta o escritor Eric Frattini no livro "Mossad , Os Carrascos do Kidon", recém-lançado no Brasil pela editora Seoman.
Apesar de ter contado com a ajuda de muitas autoridades israelenses, inclusive do próprio Mossad, houve um grande lobby em Israel para que o livro não fosse lançado lá. "Mossad" é um assunto proibido naquele país. A sociedade respeita demais a organização para querer comentá-la publicamente, ou que outros façam isso.
Eric Frattini revela que no fim e logo depois da 2ª Guerra, militares judeus se uniram em inúmeras células e deram início a um processo de vingança sistemática contra os alemães nazistas, que haviam exterminado milhões de judeus em ataques com armas, incêndios criminosos e em campos de concentração. Boa parte deles ou ainda estava solta ou mofava lentamente em prisões controladas pelos Aliados.
Baseados na lei do Velho Testamento --olho por olho e dente por dente--, os judeus não esperaram nenhuma providência por parte dos Aliados, que estavam mais preocupados em esquecer o medonho passado recente e fornecer dinheiro emprestado (a juros, claro) para a reconstrução da Europa e do Japão, destruídos. Além disso, tinham de enfrentar o mais novo inimigo, a poderosa União Soviética.
Acontece que judeus não são de esquecer, ainda mais quando sofrem infâmia e tentativas de extermínio. E nada de prato frio. Trataram de comer sua vingança fumegando, mesmo sabendo que ela não seria nem sequer um resíduo perto do massacre de milhões de compatriotas assassinados nas décadas anteriores.
Desde 1944, algumas células incipientes já faziam incursões específicas contra casas e abrigos de nazistas --então deprimidos e certos da derrota-- para promover a resposta a mais de uma década de confisco, torturas e assassinatos.
Assim que o conflito acabou, em 1945, esses grupos se organizaram e, sistematicamente, saíam todas as noites atrás de nazistas. "Aqueles que nunca esquecem", deixavam escrito em bilhetes perto dos corpos dos abatidos.
Um dos casos mais impressionantes (e pouco conhecidos) ocorreu em Nuremberg, quando judeus se inflitraram numa padaria que fornecia pães a 15 mil oficiais nazistas mantidos em cárcere por soldados dos EUA. Os judeus obtiveram dois quilos de arsênico e passaram uma madrugada pincelando com o veneno cerca de 3.000 pães.
Contabilizavam que se cada pão --único alimento servido na prisão-- fosse dividido por três prisioneiros, envenenariam ao menos 12 mil nazistas.
Ninguém sabe até hoje quantos morreram, os Aliados jamais revelaram. Sabe-se que entre 3.000 e 5.000 foram envenenados, mas muitos foram salvos por médicos norte-americanos. Outros sofreram graves sequelas.
Morte em segundos
O brasileiro Zvi Steinberg foi um dos mais eficientes no quesito "eliminação". Chegou a matar um nazista com apenas uma mão. Esmagou-lhe a traquéia quando este estava calmamente sentado em seu carro, como um justo. Com um movimento rápido, Zvi enfiou a mão dentro do carro, fez o "serviço" e foi embora em segundos. Só descobriram o corpo horas mais tarde, quando ele estava muito longe.
Outra história relatada no livro, desabonadora para o Brasil, afirma que militares brasileiros não só ajudaram a abrigar dezenas de nazistas, mas também deram a eles novos documentos.
Frattini teve acesso inédito a documentos das FDI (Forças de Defesa de Israel), do FBI, de alguns arquivos históricos do próprio Mossad e dos serviços de Inteligência da Jordânia, da Austrália e da França.
Diferentemente de boa parte dos livros que tratam de espionagem (basta ver a extensa bibliografia "chapa branca" que existe sobre CIA e FBI, por exemplo), o livro do espanhol esmiúça não só as glórias, mas também os enormes erros cometidos pelo Mossad.
São 16 operações relatadas em 357 páginas de texto e 26 páginas de fotos com os protagonistas --mocinhos e bandidos. Não há foto do brasileiro Zvi e nenhum detalhe sobre sua biografia. Além do livro de Frattini, ele é citado "en passant" em alguns verbetes na internet sobre o Mossad e em alguns poucos textos israelenses. No entanto, é uma espécie de mito para o povo judeu.
Militares brasileiros pró-nazistas
Sobre o Brasil, o livro afirma que nossos militares, por meio de seus embriões de serviços de inteligência nos anos 1950 e meados de 1960, e depois por meio do Doi-Codi, providenciaram identidades e passaportes falsos, além de protegerem muitos oficiais nazistas que fugiram da Alemanha a partir de 1945.
Sobra, inclusive, para o Vaticano. Segundo documentos oficiais obtidos por israelenses, todos pesquisados pelo escritor, a Santa Sé foi a maior emissora de passaportes falsos a nazistas do mundo. Foram milhares. Os alemães escapavam em embarcações, faziam inúmeras escalas para despistar eventuais espiões e quase sempre acabavam em algum país comandado por ditadores, na América do Sul.
Exceto os nazistas considerados gênios da matemática, da física e da química. Esses foram diretamente para os Estados Unidos, onde também receberam proteção e novo emprego: foram fundamentais para o desenvolvimento do programa espacial dos EUA. Brasil, Argentina e Bolívia, no entanto, receberam a escória da escória. Além de maléficos, uns inúteis.
Um dos "protegidos" dos militares brasileiros", diz Frattini, foi o demoníaco Josef Mengele, chamado de o "anjo da morte" -- um epíteto injusto até, pois foi bem pior que isso.
Durante anos Mengele fez as mais inconcebíveis e estarrecedoras experiências médicas (sic) com judeus no papel de cobaias. Transplantes de órgãos de animais em pessoas, implantação de objetos, aplicação de substâncias mortais, esquartejamentos e dissecações foram alguns de seus "experimentos". Tudo para simplesmente para "ver reações" fisiológicas.
O perverso Mengele morreu afogado, em Bertioga, em 1979. O longo braço de Israel não o apanhou.
Nesse trecho do livro Frattini comete um erro ao creditar ao Doi-Codi todo o aparato de proteção aos nazistas que existiu no Brasil. Acontece que esse orgão de repressão só foi criado no final dos anos 1960, em plena ditadura militar, a partir da chamada Oban (Operação Bandeirante). Mas a essência está correta: alguns militares na América do Sul, como hoje é sabido, ajudaram nazistas a escapar da Alemanha e a se esconder no continente.
Livro parece filme de ação
Qualquer uma das 16 histórias relatadas na obra poderia se tornar um eletrizante filme de ação. Algumas, inclusive, já viraram, como "Munique", de Steven Spielberg, e "Eichmann", do diretor Robert Young.
Entre os raros erros do Mossad relatados estão o assassinato na Noruega de um inocente garçom marroquino, confundido com um dos "cabeças" do massacre de judeus na Vila Olímpica de Munique, em 1972.
Outro caso descrito como um verdadeiro thriler de ação foi a trapalhada de agentes secretos judeus que envenenaram um terrorista em plena rua, na Jordânia. Os "kidon" (que significa baioneta) usaram um aerossol com veneno e o aplicaram no ouvido do terrorista, mas acabaram apanhados pela polícia local.
Com dois agentes ameaçados pessoalmente pelo rei Hussein (1935-1999) de enforcamento, Israel teve de providenciar às pressas o antídoto para o veneno e amargar um novo fracasso.
Muita gente ao redor do mundo critica essa política de olho por olho e dente por dente. Dizem que, se essa máxima se espalhar, o mundo terminará com todos cegos e banguelas.
De fato. Mas quem pode controlar o sentimento de vingança de um povo que foi perseguido durante toda a história e que foi dizimado sob tanta crueldade, ignorância e silencio do resto do mundo? Pior: sabendo que esses mesmos Aliados ainda forneceriam guarida e proteção aos assassinos, que morreriam em liberdade e provavelmente em paz?
Foto de arquivo sem data mostra o oficial do Partido Nazista e chefe da SS, Heinrich Himmler, em local desconhecido na Alemanha. |
Sim, os "kidon" formavam e ainda formam um esquadrão da morte, agem fora das leis internacionais e muitas vezes operam inclusive sem qualquer autorização em outros países, inclusive inimigos. Podem estar caçando nazistas neste momento, no Brasil, e jamais saberemos. Alguém se habilita a (tentar) apanhá-los?
Heinrich Himmler (1900-1945), comandante nazista e braço operacional de Hitler, certa vez fez troça do massacre que seus homens perpretavam. Ele comparou o massacre de judeus a uma simples matança de "ratos de esgoto".
Porém, assim como o "patrão" Hitler, quando a guerra acabou ele não teve coragem de enfrentar os sobreviventes entre aqueles que chamou de roedores. Preferiu dar cabo da própria vida na prisão. Nem coragem para ser enforcado ele teve. Fugiu da vida antes que o longo braço de Israel o alcançasse.
Quantos outros Himmlers ainda não estão por aí, vivos e envelhecendo como justos? Bem, há aqueles que nunca esquecem.
Livro: "Mossad - Os Carrascos do Kidon - A história do Temível Grupo de Operações Especiais de Israel".
Fonte:http://noticias.uol.com.br
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