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quinta-feira, 5 de junho de 2014

Bermudas e 'coronéis'

Por: José Marcos Marinho 



O ex-prefeito Enivaldo Ribeiro, apesar das três derrotas para Cássio Cunha Lima na tentativa de voltar ao comando de Campina Grande e de, por conta delas, ter sofrido derrota para o retorno à Câmara Federal, continua semi-vivo na política dando ordens no Partido Progressista na Paraíba (PP), sigla que preside em meio às zangas dos dois filhos parlamentares.

Wilson Leite Braga, ex-governador da Paraíba, cultivava o sonho de ser Senador da República, chance que perdeu quando saiu do Governo com ótimos índices de aceitação, mas o PMDB do Cruzeiro Novo de José Sarney empinou a candidatura do empresário Raimundo Lira, em Campina Grande, derrotando-o surpreendentemente.

Alquebrado e com alto percentual de surdez, Braga sofre hoje as agruras de brigas familiares, embora tenha o consolo de ser detentor de um mandato na Assembléia Legislativa do Estado.

O ex-governador José Targino Maranhão sofreu recentemente duas sucessivas derrotas - para o Governo do Estado e para a Prefeitura de João Pessoa -, mas nem estas o motivaram para anunciar um “pendurar de chuteiras” da vida pública.

Com meia mão de ferro e disposição de boi ronceiro, Zé ainda comanda o desfalcado, embora poderoso, PMDB. Lembrado em todas as pesquisas para, imbatível, voltar a Brasília como Senador da Paraíba, mantém a língua afiada com um bordão que provavelmente nem ele mesmo acredite - o de ser candidato a deputado federal.

Dos nossos “coronéis”, é o que resta!

Da turma contemporânea já se foram para o alto Antonio Mariz, Humberto Lucena, Raymundo Asfóra, Aluizio Campos, Ernany Sátyro, João Agripino, Tarcisio Burity, Ronaldo Cunha Lima, Vital do Rego...

E, à exceção de Maranhão, esse trio que sobrou é realmente uma sobra na nossa política.

Enivaldo é solitário e vive o seu ocaso, mesmo aparentando dos três ser ainda um homem fogoso e folgado.

Engoliu, por empurrão do filho evangélico Aguinaldinho, o despautério de ver-se aliado de Cássio, a quem a contragosto ofertou a filha Daniella para ser vice de Rômulo Gouveia em Campina e viu esta ser derrotada com o gorducho diante da força do ‘sansão’ que a cidade elegeu prefeito.

Sem mandato e, pior ainda, nenhuma disposição para reconquistar um outro, algo que não lhe seria tão difícil, Enivaldo sujo no SPC da vida pública virou avalista dos herdeiros. Mesmo que aqui e acolá os herdeiros dêem-lhe coices fenomenais, como é exemplo perfeitamente acabado o da bela Daniella, que açoita Romero Rodrigues enquanto este dá ao seu pai na prefeitura campinense benesses e aconchegos filiais. 

Faceiro, Enivaldo obedece cegamente à lei da vida e suas compensações. Ou seja, se não pode mais cantar, o assobio lhe dá prazer; se correr lhe cansa, caminhar pode produzir-lhe orgasmos...

É a vida!

Agora mesmo Enivaldo Ribeiro acostou-se a um esporte que, julgando pela intensidade com que o pratica, lhe dá vigorosas satisfações. E é com a mais esfuziante das alegrias o prazer por ele demonstrado ao buscar o desmonte do sonho do ex-prefeito Veneziano poder um dia se tornar governador da Paraíba.

O velho Enivaldo mostra ter ódio do cabeludo filho do saudoso amigo que não pode eleger seu sucessor em Campina, Vital do Rego, e nele bate sem dó, sem piedade e com gosto de gás.

Diz o pai de Agnaldinho e Daniella onde quer que lhe encostem um microfone que de Veneziano “todo mundo desconfia”. Quer dizer, o ex-prefeito de Campina Grande para ele é um sem moral, um risco n’água, um vintém furado...

Enivaldo mira na candidatura de Veneziano com canhão de coronel e pontaria de pistoleiro profissional: “É uma desconfiança generalizada, mas pessoalmente não tenho nada contra ele, porém eu não quero negocio com ele”, sustenta por cima de pau e pedra, o que, convenhamos, é um esporte prá lá de radical.
Ribeiro tem lá suas razões e sempre que pode as expõe.

O cabeludo “mexeu” com a sua filha Daniella, que bem poderia hoje ser a mais bonita prefeita do Nordeste brasileiro.

Mas não foi!

E isto só porque Vené não quis, ou melhor, conspirou e conseguiu deixá-la a ver navios.

É ainda aquela arenga do PT de Campina que engasga o cacique atormentado do PP paraibano. Uma questão, pois, estritamente familiar. “Mexeu com meu filho, mexeu comigo”; “adoçou a boca do meu rebento, botou mel na minha”... Vai por aí!

O caso de Wilson Braga é mais para que a gente dele se apiede. Quase cego, mal que o acompanha desde a juventude e agora na descida da curva intensificou-se em meio às sombras da idade, ainda sofre de pouca audição, mesmo que amigos íntimos digam que nesse ponto ele continua firme e estar mouco foi opção – só ouve o que quer ouvir!

Menos mal, dizem os mesmos íntimos de Wilson.

As brigas com a filha, com o genro e até com a mulher, misturando problemas caseiros/domésticos com os empresariais e políticos, viraram a vida do construtor de açudes um inferno. A rádio Sanhauá, por exemplo, que é sua, mas ele não a comanda, é um desastre inominável a lhe reduzir o que resta de pelo na careca perfumada.

O velho coronel do Piancó vai-se. Nada apita mais na política, embora não se quede a ela. Acha-se, e tem todo direito para isso, que ainda é baraúna do meio do mato. 

Mas, lamentavelmente, ao seu fraco e desacreditado confessionário ninguém mais permite se ajoelhar.

Uma pena, de fato!

Com José Maranhão o problema é mais em cima. Ou mais embaixo?

É fato que a inesperada derrota para Ricardo Coutinho, nos 1º e 2º turnos, mexeu com a cabeça e a alma do velho cidadão de Araruna. E quando a tontura acalmava, a derrota doída já parcialmente digerida, vem um coice e uma nova queda...

Perder a eleição em João Pessoa, cidade que Maranhão sempre considerou sua e de onde se dizia campeão de todos os votos e de todas as eleições, foi cruel. Muito mais pela razão de tê-la visto sumir ainda no primeiro turno. Sem que o seu povo, a sua gente amada, lhe desse a chance de virar o jogo na jornada complementar.

Maranhão e seus amigos erraram muito. Por demais confiarem “no taco”, o taco quebrou. Vai ver que nesse caso lhe faltaram os aconselhamentos da Primeira Dama às avessas - a irmã hoje dissidente Wilma. Vai ver que foram os excessos de confiança da verdadeira Primeira Dama - a desembargadora.

Mas a Maranhão faltou, na hora em que mais dele precisava, o pulso do CORONEL. E aí, virou coronelzinho, afogando-se em copo d’água. Cedeu a Vital Filho e a Veneziano e mais dia menos dia por eles vai ficar submerso; totalmente destronado.

Lei da Física? Na política, há quem diga ter outra definição: Lei da traição. Se bem que no caso dos ‘irmãos coragem’ de Campina Grande caiba uma melhor afirmativa: LEI DA SOBREVIVENCIA.

N’outras palavras: o mais fraco que morra!

O ponto crucial a ser destacado é que Maranhão não tem os problemas de Wilson Braga e nem a solidão de Enivaldo Ribeiro. Ao contrário, a vitalidade que ostenta é de dar inveja à meninada do PMDB Jovem. Aos Ranierys Paulinos da vida; aos Gervásios Maias; aos Venezianos e Vitais do Rego; aos Naborzinhos pai e filho...
Contando ainda que o aconchego no lar-doce-lar, mesmo tendo no meio briga com o sobrinho federal e a irmã prefeita, conseguem fazer uma abissal diferença.

Em contraponto, entretanto, observa-se que Maranhão já não é mais o mesmo. E entre esse seu constante “deixar se levar” e “deixar de fazer”, reside o caminho para um cadafalso cada vez mais próximo e assombroso.

Enquanto deixa escorrer pelos dedos a força que o manteve hegemônico na vida política do País, não querendo ver que essa degola foi motivada pelos seus mesmos “amigos” de dentro de casa, aqueles que o fragilizaram quando não exigiram da Presidente Dilma um cargo federal à altura do seu valor, Maranhão caminha célere para ver riscado do seu currículo uma história operosa que se destacou na vida paraibana como a de um garboso Mestre de Obras.

Assim como Wilson Braga não se empobreceu quando candidatou-se à Câmara Municipal da Capital, virando Vereador com estrondosos mais de seis mil votos, não diminui a Maranhão a disputa por uma cadeira na Câmara Federal, local aliás onde já esteve por três mandatos e onde deixou nos anais um excelente trabalho.

Só que há um grito sonoro e crescente nas ruas da Paraíba exigindo Zé Senador. Grito que esse filho de seu Beija captou e se comoveu, como a emissoras de rádio tem confessado sem reservas.

Com Maranhão, pois, o poder de reagir. Até porque o mouco, nesse trio, chama-se Wilson Leite Braga. Negar o apelo popular, e a velha raposa de Araruna com certeza sabe disso, é o mesmo que NEGAR a Paraíba.

Braga já concluiu a sua parte e dê-se ao luxo de manter-se na bermuda;

Zé, se dispa dela.

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